segunda-feira, 23 de junho de 2008

Governo não entende Economia Solidária




Por: Diego Soares

Durante o 3º Encontro Estadual de Economia Solidária, realizado no início do ano, na Universidade Federal do Tocantins – UFT, órgãos representantes do governo do Estado mostraram seu distanciamento do evento e o quanto realmente o governo entende do assunto. Já na abertura, foi apresentado um vídeo institucional do governo mostrando latifúndios e estímulos ao capitalismo para um público que prima por um outro tipo de relação econômica, baseada mais nas relações sociais do que mercadológicas. Durante o encontro, enquanto os órgãos estaduais se apresentavam em estandes bem elaborados, acontecia uma tradicional feira de troca solidária, na qual os objetos para troca eram dispostos em um tecido no chão. Representantes do governo tentaram adaptar a feira de troca a seus padrões, mostrando com mais uma gafe seu pouco entendimento da economia solidária diante de comportamentos tão contraditórios. Apesar de desconhecida pelo governo, a economia solidária tem sua origem ainda no período em que os homens viviam em tribos, costume ainda hoje de tribos contemporâneas, onde a troca de produtos é uma prática contínua. Na Grécia, animais e serviços eram trocados por não existir moeda, hoje comunidades agrícolas e cidades interioranas seguem a tradição de trocar produtos e manter o comércio local.
A economia que estimula a valorização do comércio interno e práticas sociais voltadas para o ser humano, desestimulando o consumismo, não está presente somente nas comunidades interioranas, mas também em grandes centros como pôde ser visto em um recente boicote comercial que arrasou a economia argentina. A população se manteve através de trocas de produtos e serviços até a crise ser amenizada. Para Fernando Gomes, membro do Núcleo de Economia Solidária da UFT (NESOL), a melhor definição para este modelo econômico é "a economia do sentimento". Seu contato com ela surgiu durante o último Fórum Social Mundial, onde foi apresentado à moeda social. A moeda social é feita por comunidades com o intuito de inibir o consumo fora da localidade. Para organizar essas transações até bancos são criados para movimentações cambiais, vendas e até pequenos empréstimos. Para conseguir um empréstimo em um banco solidário o cliente deve ser avalizado por seu vizinho, já que se entende que ele o conhece socialmente, melhor do que ninguém. Os empréstimos são feitos em moeda social ou corrente. Geralmente valores pequenos para reparos ou compra de produtos. O pagamento do empréstimo pode ser feito em forma de moeda social, produtos ou serviços. Questionado se o modelo econômico baseado no ser humano não seria frágil Fernando Gomes responde: "Na lógica do mercado, ser fraco é ser excluído. É para esse que a economia solidária serve."

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