Entrevista
Para continuar a série de entrevistas com os professores da Universidade Federal do Tocantins do curso de Comunicação Social, os alunos Luiz Otávio S. Soave e Daniel Coelho, da área esportiva do Jornal-Blog “O Armário”, fazem suas perguntas para o professor Elson Kikowski mais conhecido como Kiko. O professor de Antropologia Cultural, que diz já ter praticado informalmente futebol, gosta de fazer caminhada, conta porque não é mais praticante e relembra um fato estranho durante uma pelada de futebol. Ele dá também sua opinião sobre a questão do esporte na UFT e propõe uma atitude.
O Armário: Kiko, qual esporte você já praticou ou ainda pratica?
Elllson: Gosto de andar de bicicleta, fazer caminhada, mas perdi o hábito há uns três meses atrás. Gostaria de voltar a praticar Kung-Fu e eventualmente jogo futebol. Hoje eu ando de bicicleta por praticidade e por possibilitar que eu enxergue melhor as coisas, consigo observar mais.
O Armário: E por que parou de praticar os outros esportes?
Elsoninho: Bom, eu ando de bicicleta, mas gostaria de fazer caminhada. Me dá mais prazer e considero mais saudável, mas sofri uma tentativa de assalto. Eu só tenho tempo à noite, e na Praça dos Girassóis fica muito escuro. Eu estava correndo e três caras de bicicleta me observavam, mas acho que por morar na periferia de Brasília já percebi o motivo. Eu estava só com meu celular e quando dois deles vinham por trás, eu me virei e já fui conversar com eles. Como eles não esperavam por isso, já ficaram logo sem reação. Pediram meu celular, mas, correndo para um lugar mais iluminado, disse que não podia entregar. Então por isso parei de fazer caminhada na praça. Quanto ao Kung-Fu, eu ia retornar, mas caí de moto e machuquei o joelho, então ficou mais difícil e também para o futebol.
O Armário: Já aconteceu algum fato interessante ou inusitado com você relacionado aos esportes?
Kiko: Bom, tirando a tentativa de assalto, eu jogava futebol em Planaltina com meus amigos. Lá é uma região tão violenta que a situação chega a ser banalizada. Começávamos a jogar umas dez da noite e ficávamos até cerca de 2 da manhã, que é a hora que geralmente começava o tiroteio. A gente se jogava no chão e esperava acabar. Isso acontecia também nas festas, depois era só levantar e ir embora. Uma vez joguei pelado, mas eu explico. Estava chovendo e havia um cara que estava doidão, dizia que o sonho dele era fazer um gol pelado. Mas um outro que talvez tivesse problema mental (o coitado é que leva a fama de doente mental) dizia que se fizessem isso ele chamaria os amigos dele (os bandidos). Como já estava chovendo e não tinha ninguém na rua, não deu outra, todo mundo jogou peladão só para sacanear com o coitado.
O Armário: Qual esporte você sugeriria ao seu filho e por quê?
Kikozo: Acho que xadrez ou natação. Natação, por ser completo. Não desgasta as articulações, massageia e desenvolve o corpo. Eu gostaria de ter paciência para praticar, mas acho que esse é o esporte que eu sugeriria ao meu filho.
O Armário: E de qual esporte você menos gosta e por quê?
Kikowski: ...Acho que luta livre. Acho bizarro aquilo, talvez possa parecer bonito para alguns, mas é como se eu estivesse no Coliseu, aplaudindo enquanto dois se matam no ringue. Além disso, a reação que a luta causa nas pessoas me faz sentir menos humanizado.
O Armário: Você tem algum ídolo no esporte?
Mike Wasawski (Monstros S.A.): Mireya Luis, da seleção cubana feminina de vôlei. Ela era espetacular, treinava com os homens e foi por muito tempo considerada a melhor jogadora. A superação foi seu ponto forte, e apesar de ter recebido ofertas de times de todo o mundo, ela preferiu continuar em Cuba e desenvolver o esporte em seu país.
O Armário: Torce por algum time de futebol? Qual?
Elsowski: Eu tenho me afastado dos times brasileiros ultimamente, mas torço pelo Botafogo por herança paterna. Não tem me chamado atenção, acho pouco objetivo. Por comparação acho que os campeonatos estrangeiros, até mesmo o japonês, são mais objetivos. Estes torneios exigem mais dos jogadores como o Robinho, que antes aqui só fazia as pedaladas, além de conterem jogadores do mundo todo. Tenho admirado o Galatassaray da Turquia.
O Armário: Qual sua opinião com relação ao esporte e UFT?
Kiko: Acho que a UFT deveria ter esportes e se possível, mais esportes coletivos. Eu já vi Truco, Dominó, corrida... Para pegar o Basa, o que não deixa de ser uma atividade esportiva e também radical. Acho que os alunos deveriam aproveitar melhor o gramado para jogar futebol ou vôlei. Não foi criado ainda um espaço de convivência por não existir uma mobilização por parte dos alunos. Eu vim de um lugar que não existia quadra de futebol e mesmo assim nós jogávamos na rua, se houver demanda então a universidade dará mais atenção. Meus alunos jogam de forma improvisada, não existe ginásio onde dou aula. Acho que é necessário um intercâmbio maior entre aluno e professor e agora que a UFT tem convênio com o SESC, os alunos e professores deveriam desfrutar das dependências do local. No campus da universidade, deveriam aproveitar melhor a beira do lago, já que os alunos não têm acesso ao lugar, penso que seja um caso a se pensar.