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Por: Diego
Um dia, Carlinhos que era campeão do flamengo júnior, lutava caratê e tinha três namoradinhas, pára bem à frente dos pais na sala. Seu pai afundado no sofá encapado, sua mãe na cadeirinha cutuca as unhas dos pés. "Pai, mãe eu acho que sou gay..." Ataque de risos, o pai aumenta o volume da TV e a mãe pergunta se ele não quer jantar. Saiu do armário. Comenta-se na vizinhança. Talvez quase nada mude; só os silêncios com sua chegada em algum ambiente aumentem. Talvez Carlinhos compre novas roupas, deixe crescer o cabelo, aprenda frases engraçadas e vire Carla. O que importa é que saiu do armário, entre mofar no escuro escolheu deixar sua essência sair. Uma mulher que admita não querer casar e ter filhos, sim, saiu do armário da convenção social. E vai beijar muito, todas as bocas, nunca vai dormir só e você nem mesmo vai saber, por que ela convida os gatinhos para visitar seu armário particular.
A santinha da classe bebeu vodka demais e imitou a "Madonna Lives in Maracanã" no balcão da lanchonete, essa não só saiu como subiu no armário e a-rra-zou! Quando aqueles lindos olhos se distraíram, você foi lá e roubou um beijo. Arriscando tudo! Arriscando ser ridículo, ser rejeitado. Saiu do seu armário de covardia e baixa estima. Foi correspondido. Algumas vezes não foi. Mas aqueles três segundos foram os mais sinceros de toda sua vida. "O seu troco pode ser em balinha?" "Se eu voltar com 80 balinhas você me dá 10 pães?" Saiu do armário claustrofóbico da acomodação e lutou. Não parou mais: brigou com a empresa de telefonia, fez o rapaz mal educado juntar o cocô do Pitbull, e rosnou pra mocinha de escova progressiva que jogou embalagem de picolé na calçada. Uma justiceira! Nunca mais voltou pro armário.
Você pode não sair de vez, dê voltas fora do armário e volte quantas vezes quiser. O tempo é seu, escolhas suas. E naturalmente o mundo vai te convidar para passeios mais longos, ousados e demorados. Um dia, você vai ter saído do armário sem perceber. Talvez sinta falta do seu ar misterioso, da ilusória segurança blassê. Talvez se sinta vivo e sincero! Diga o que pensa e agüente o tranco. Perdoe suas próprias fraquezas e creia no que é belo em ti, mesmo que ninguém curta muito suas dancinhas estranhas ou sua imitação de Michael Jackson.
O mundo é um grande armário. Sair é alcançar as estrelas. Libertar a mente, alçar vôo. Piegas? Pode ser, mas eu nunca saí propriamente do meu armário, prefiro brincar com as minhas lembranças e convidar os amigos para festinhas dentro dele. Diversão garantida: a tímida agora dança "Madonna Like a virgin" e o cara estranho imita Michael Jackson, agora branco, é claro. Esse explodiu o armário.
7 comentários:
Cada passo dado fora do armário marca as nossas vidas para sempre...
Será mesmo que a vida vale alguns segundos de glória, ou de euforia???
Depende como ela marca pra vc, pq a passagem por aqui é curta, liberte-se para se sentir bem, jogar contra conciência é sujo minha gente...
e qd essa passagem por aqui chegar ao fim, que ngm olhe para trás e se sinta frustrado por nao ter arriscado o que deveria.
Bem, ao ler o texto do Diego, me deu uma vontade de escrever sobre a minha visão de "armário", então vou propor que cada um faça um texto sobre o tema... será muito interessante nossa colocação individual e a possibilidade de estarmos escrevendo idéias pessoais... que acham? Na quarta posto a minha... O texto Diego, me falou muito de você, mas não sei até que ponto revela sua verdadeira identidade ou a de quem entra no seu armário exporadicamente. A passagem é curta Henrique, mas valorizamos e lembramos daqueles que deixaram marcar possitivas e de reflexão na história. Nós escolhemos um padrão de comportamento que dignifique a história. (Polemizar faz parte da essência desse blog).
Fui para Floresta para viver deliberadamente, viver profundamente e sugar toda a essência da vida, para quando a morte chegar, não venha eu descobri que não vivi... Lema da sociedade dos peotas mortos.
Mais importante do que acrescentar dias a sua vida, é acrescentar vida aos seus dias. Viva a vida com intensidade, mas seja responsável, pois outras pessoas fazem parte de sua vida e tudo que você fizer a si memso a elas também fará.
As vezes eu saiu do meu armário. Por vezes.. em alguns minutos.. horas... mas logo vem a ressaca e tudo passa... e sim.. ficam as lembranças, algumas dá até vontade de virar avestruz, mas ... Fazer o que... o que resta é entrar novamente no armário e esperar a 1° oportunidade de ver aquela pequena fresta de luz aparecer ... \o/
:P adoro as colunas do Diegooooo :P
Di, como sempre você mais uma vez arrebentou. Nossa! lendo o seu texto meio que passou um filme pela minha cabeça.já a algum tempo atrás, digamos que me tornei "adepto" dessa coisa de viver a vida intensamente, fazer o que me faz bem e que não causa prejuízo a ninguém( nossa até rimou!).Mas ainda tenho muita coisa pra colocar fora do armário...
Como sempre, quando menos se espera lá está ele, o único que me diz palavras bonitas, palavras feias, duras e amorosas, e não me tira do sério... Entende o meu silêncio, a minha bolha particular, até os meus dias mensais de stress, o que me dar cada tapa na cara de mão aberta e nem pergunta se doeu, pois sabe que dor maior será aquela de olhar para trás e ver que não se pode mais fazer o que gostaria de ter faito quando tinha tempo... o tal tempo que a Ju falou e que inevitavelmente não volta mais.
"Sair do armário" é um termo bem comum na turma do Mário, e eu sei que quando o tempo se for e tudo isso terminar, só ficarão as aventuras de ter saido e voltado várias vezes pro armário, rompido barreiras que nós mesmo nos impomos... O que nos resta agora nesse tempo que está aí batendo na nossa porta, é aproveitar, tentar alcançar pontos mais altos e mais baixos, sair do ponto médio que estamos acostumados a atingir.
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz..."
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